Intervenção do Presidente
Caro Cidadãos, bom dia!
Faz mais de vinte dias desde a aprovação pelo Tribunal Constitucional da legalização do nosso partido político “Iniciativa de Cidadania para o Desenvolvimento de ANGOLA, com a sigla Cidadania. Por esta razão e com esta singela cerimónia nos apresentamos perante Vós e ao mundo.
Nós, os cidadãos angolanos, temos de ser os donos do nosso próprio destino. Isto implica uma cada vez mais ampla participação da sociedade civil nas decisões relativamente ao futuro da sociedade angolana e do nosso país. Esta participação, de acordo com a nossa constituição e demais legislação em vigor, pode ser feita sob a forma de um partido político. E é o que nos propusemos fazer e fizemo-lo com sucesso.
O que hoje estamos aqui a celebrar com todos Vocês, não é mais do que o resultado de mais de 18 angustiantes meses de reflexão e trabalho puro e duro. Somos, acima de tudo, um grupo de cidadãos, e vale acrescentar com satisfação, não muito pequeno, um grupo articulado e corajoso, que conseguiu juntar a experiência dos mais velhos com a força e iniciativa dos mais jovens em um equilíbrio virtuoso que culminou com a criação da entidade partidária Cidadania. Estamos contentes com isso!
Eu, o cidadão Claúdio Brandão, também conhecido nos círculos desportivos e mais recentemente nos círculos políticos, como apenas “Professor Brandão”, sou somente a ponta visível do iceberg que à muito tempo navega impaciente pelas águas turbulentas do teatro político angolano. Há muitos outros mentores e cidadãos que comungam dos mesmos valores e que dão o suporte moral, político e logístico para o sucesso das nossas ações.
Dentre eles estão angolanos das mais variadas sensibilidades políticas, inúmeros especialistas do nosso espaço técnico-profissional e académico, com reconhecida experiência e prestígio social, entidades de reconhecida e irrepreensível conduta cívico-moral no nosso panorama religioso e cultural.
A este batalhão, há que juntar, uma autêntica legião de jovens cidadãos entusiastas, como eu, patriotas e conscientes da sua responsabilidade para com o futuro do pais e que munidos de toda a sua energia, irreverência e espírito de missão, querem ser parte deste processo de viragem histórica.
Queremos, nós os jovens, seguindo a tradição e os heróis da luta de libertação nacional e da defesa da nossa integridade territorial pós-independência, mais uma vez ser parte activa das forças da alternância política, por meios legais e pacíficos. Está, por conseguinte, excluído da nossa linha política, a violência de qualquer tipo.
Gostaríamos de deixar aqui bem claro que não somos “agentes” de qualquer polícia secreta, muito menos “paus-mandados” das forças políticas hegemónicas do nosso país. Devido a minha experiência de selecionador nacional e de coordenador de campanha do partido onde militei com bastante honra e dignidade, fui indigitado pelos meus concidadãos activistas a liderar a Comissão Instaladora e posteriormente presidir o partido Cidadania até a sua primeira Convenção Nacional. Nada mais!
Somos, isto sim, à semelhança de outras forças políticas em formação no país, o encontro harmónico de vários cidadãos conscientes dos seus deveres e direitos constitucionais e cívicos que decidiram, no estrito cumprimento da lei, criar um novo partido político. Não há nenhum mal nisso!
Com efeito, ao longo da segunda metade do ano de 2023 e primeira metade deste ano, cumprido com zelo todos os procedimentos e formalidades impostos pela lei, passamos o teste com distinção do Tribunal Constitucional, mediante a execução de uma estratégia de legalização própria, fundada numa irrepreensível organização documental e articulação e coordenação disciplinada de todos os activistas envolvidos no processo.
Usamos a arma da descrição e evitamos o excessivo narcisismo político, colocando, antes de mais, mãos à obra, procurando fazer bem o nosso trabalho de casa. Resultou!
Agradecemos por isso todos aqueles que de peito aberto e de forma resoluta se empenharam nesta causa sagrada, sobretudo os nossos jovens activistas entusiastas que tudo deram e fizeram para que este processo se concretizasse com sucesso.
Para trás, ficam longas horas de espera pela entrega dos atestados (com RUPE´s pagos) por parte de muitas administrações municipais, dias de frustrações pela forma descortês com que fomos tratados e são tratadas todas as forças emergentes, centenas de processos perdidos e anulados por mero capricho e/ou devido a introdução fraudulenta de bilhetes de funcionários da própria administração e/ou de familiares nos dossiers por nós entregues, na ânsia da chantagem e consequente extorsão, intimidações, … enfim, o caos!
Soubemos resistir a tudo isto porque acreditamos piamente que com o descalabro do partido-estado, o desastre económico e social que se assiste de momento, os cidadãos e sobretudo a juventude demandam uma alternância no poder à altura das necessidades e desafios de desenvolvimento das sociedades modernas.
É grande a desilusão, a frustração, o sentimento de traição e o desespero, o crescente o custo de vida, é visível a fome e a pobreza extrema, a falta de empregos, a desenfreada corrupção, enfim a falta de um rumo, um norte. Na verdade, o país não pode ser para os militantes mais sim para os cidadãos.
Para quando a realização do “sonho angolano” que nasceu com a festa da dipanda e aqui entendido como o desejo ardente dos cidadãos em construir uma sociedade com valores fundados na combinação da angolanidade e da africanidade. Uma africanidade que reside nas nossas tradições e que nos permite saber de onde viemos, com o que nos identificamos uns aos e a incorporação dos valores civilizacionais que o cristianismo trouxe e que hoje, neste somatório, nos define como angolanos. Ai reside a nossa verdadeira ideologia política. O bem-estar dos angolanos!
O desenvolvimento económico tem de ser a principal prioridade do país, sendo que os interesses da geração mais jovem, a juventude, devem estar no lugar cimeiro da política económica e social de todo e qualquer governo que vier a se formar nas próximas décadas.
Como formação política recém criada, no Bairro Azul, nas Ingombotas, cidade de Luanda, ainda temos tudo por fazer em termos organizativos. O sucesso de uma empreitada deste calibre não se coaduna apenas com objectivos pomposos e ideias bem intencionadas. Vai ser necessário fundar uma organização bem estruturada, ágil e articulada de modo a transformar os desejos e expectactivas legítimas dos cidadãos em um movimento unido, amplo, coeso rumo ao regaste da nossa bandeira de liberdade e da cidadania há muito perdida à favor dos militantes.
E isto implica uma aposta forte na organização. Por isso reafirmo a todos que temos um imenso trabalho pela frente. Apenas começamos, vamos incentivar fortemente um Movimento de Cidadãos que divulgue nossas ideias e compromissos e que isto tudo resulte no despertar e fortalecimento das consciências e do espírito de luta e de resiliência da sociedade como um todo.
Com esta intervenção estou a convidar também os cidadãos de todos recantos de Angola e do mundo a visitarem o nosso portal oficial (site), onde encontrarão, a nossa carta de apresentação a sociedade e ao mundo em geral, a nossa breve história, os nossos documentos legais, as decisões do Tribunal Constitucional e imagens da nossa Assembleia Constituinte realizada no momento histórico que são as instalações da Liga Nacional Africana, bem como outras informações úteis.
Viva Angola!
Avante Cidadãos!
Bairro Azul em Luanda, Julho de 2024